quarta-feira, 6 de março de 2013

Peçad criadas para exposição na Oscar Freire - Galeria 48




Fui convidado para expor meu trabalho na Galeria 48, na Oscar Freire, aqui em SP. Porém, para a peça ganhar mais impacto e ter mais sentido com a proposta da galeria, eu desenvolvi peças com aproximadamente 45 cms, que mesclava a modelagem tradicional, com tecido, couro, madeira, aço e qualquer material que pudesse dar um efeito mais realista e interessante.

Por um acaso (ou não) os 3 personagens que surgiram são criaturas mais marginais: um capanga violento da máfia, um triste errante bluseiro e um dono de circo de bizarrices.

Tony ''Heavy fingers'' o gângster, foi o primeiro, minha opção mais óbvia. Minhas referências estão quase sempre no cinema, HQs, animações, porém o cinema ainda é onde faço minhas visitas mais frequentes em busca de inspiração. Sempre adorei personagens mafiosos, perigosos, imprevisíveis. Por isso foi inevitável produzir o Tony, o mais divertido pra ser produzido, me sinto totalmente a vontade criando esses caras. (inclusive já fiz alguns deles, tem no meu site)

O dono do circo veio de uma reflexão de boteco minha após assisitr algum programa na Discovery. Sabe esses que tratam de bizarrices modernas? Homem árvore, A menina que nasceu velha, o homem sem rosto, essas coisas. Não sei ao certo o por que da minha fascinação de acompanhar por uma hora a vida dessas pessoas. Mas enfim, sou um cara curioso. Não me julguem.

Após assistir embasbacado sobre a vida do Menino tartaruga, acabei pensando qual é minha diferença em relação aos visitantes que pagavam 25 cents pra ver essas pessoas em circos bizarros de décadas atrás. Não senti orgulho, ao concluir que provavelmente estaria ansioso naquela fila.

Assim, foi natural pensar nos donos desses circos. Imaginem o naipe desse sujeito? Quem eram esses personagens? Como se começa um negócio desse? Qual a relação dele com os ''funcionários''? Como ele descobria novos ''artistas''? Enfim, fiquei pensando sobre isso, como seria os bastidores desse mundo (lembrei até da série fodástica ''Carnivale'' da HBO) imediatamente peguei um bloco de massa e comecei a modelar a cara odiosa desse personagem. Nasceu o Popoliski. Numa noite assistindo Discovery.

O terceiro foi um bluseiro desenvolvido quando ao reler pela enésima vez a Hq do Robert Crumb, entitulada ''Blues''. Belíssima obra pra quem é fã do gênero, fã de quadrinhos, ou simplesmente aprecia boas histórias. Uma figura recorrente em sua narrativa me chamou muita atenção: o bluseiro solitário, o errante, um homem triste que nada tem além de sua mala surrrada e sua sensibilidade. Peguei alguns nomes sortidos e fiz um mix, pronto, nasceu o Willie ''blind melon'' Redd. Ele poderia perfeitamente ter existido, isso se não existiu. :)

Me diverti muito produzindo essas peças. Me deu idéia para outras inúmeras peças que estão arquivadas em papéis dispersos em alguma gaveta da minha cabeça. Espero ter a oportunidade, de tirá-las de lá o mais breve possível.