quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O Making of de um Cabeçudo

Bom pessoal, criei esse post para ilustrar ''rapidamente'' como que rola a produção de um Cabeçudo. Muita gente quer saber qual o material utilizado, o processo de pintura e tudo mais. Melhor que escrever inúmeros emails com a mesma resposta, decidi ilustrar meu passo a passo.

A primeira etapa do processo, é a modelagem do personagem. Definitivamente, a mais importante. Nela, eu defino o tamanho, o peso, e até o equilibrio que a peça pronta vai ter. Nesse momento é a hora de captar o personagem, sem deixar de lado meu traço.

O tempo dessa produção inicial varia terrivelmente, sendo bem difícil até colocar uma média. Para ilustrar, posso dizer que o Mick Jagger eu modelei em aproximadamente 8 horas, uma noite inspirado. Já a Amy eu levei duas semanas, com uma média de 5 horas diárias. Ou seja, aproximadamente 70 horas.

Ah, e para quem tem curiosidade, eu uso uma massa chamada Super Sculpey. Outros profissionais não recomendam para esse tipo de modelagem. Mas eu me adaptei a ela, e para esse tipo de trabalho, não consigo mudar.

Com o protótipo em mãos, eu parto para o molde de silicone. Exige atenção, e muito capricho. Um molde mal feito vai com certeza vai dar trabalho em TODAS as peças que serão resinadas futuramente. Por isso, é hora de gastar muito tempo agora, para economizar dias futuramente.

Molde pronto, é hora de resinar. A resina é um material translúcido, com cheiro forte, e textura de mel (não tive competência de achar outra comparação). Ela é misturada com outros materias que dão volume, e a cor branca. Na minha opinião, a melhor para pintar. A que menos interfere com outras cores.

Misturo a quantia precisa de resina que vai virar um Cabeçudo com o catalisador, a mistura desses dois elementos, resulta numa reação exotérmica, lembram-se? Que gera calor. Ou seja, o Cabeçudo fica pelando dentro do molde e a mágica acontece: aquilo que era uma resina líquida amorfa, ganha volume e detalhes. As peças saem como voces podem observar na primeira foto. Ah, e não reparem na bagunça!



Com as peças em mãos, chegamos no momento mais ''boring'' do processo. Acabamento. Tirar as marcas do molde, lixar, polir e colocar resina em pequenas bolhas, que é comum acontecer. É, senhores, isso em todas as peças que saem.



Com a peça bonitinha, ela recebe uma camada de cor de pele com aerógrafo. Antes, não podemos esquecer de fazer as máscaras para olhos, dentes, e tudo mais que eu não queira pintar. Horas depois, é hora da mão firme e paciência. Pinceis em formação: colorir os cabelos, boca, olhos, colocar maquiagem, dar texturas, brilhos e tudo que torna a peça com vida.



Tudo pintado individualmente, com a peça referência sempre ao lado. Manter o padrão de qualidade e de cores, é preocupação número um por aqui.



Após seco, o Cabeçudo é colado a base que já passou por processo de polimento, pintura e acabamento. Tempo para cola secar bem, última conferida. Tudo ok? A peça é embalada, estocada e fica só aguardando para ser vendida.

E é claro, em até 12 vezes no cartão de crédito! ;)

4 comentários:

  1. Queria aprender a fazer os moldes. Não acho ninguém aqui no Rio q ensine. Sei q é um processo um pouco chato. E não sabia que poderia fazer o protótipo com a super sculpey, sempre ouvi dizer que pra isso devemos usar o oil clay, mas acho meio duro. Bem legal seu post.

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  2. Então Rossana, o Oil Clay, quem tem várias durezas diferentes (depois de um pulo no site da DimClay) é o mais aconselhado. Tem uma resistência boa, e um óleo que permite que o protótipo nåo grude no molde.
    Mas é possível também com Super Sculpey, o que não rola é materais porosos e moles.

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  3. Caro Caio,

    Parabéns pelo trabalho. Vi que você está dando um curso em São Paulo. Gostaria de saber se tem previsão de fazer aqui no Rio um curso de modelagem de personagens?

    Grato!

    Pedro Rivas

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